Medication Adherence: A Review of the Literature and Implications for Clinical Practice. Journal of Psychiatric Practice Vol. 15, No. 1. January 2009. ROSE J. JULIUS, MARK A.NOVITSKY JR., WILLIAM R. DUBIN.
Este artigo é uma revisão da literatura científica eletrônica (Ovid Medline), até o início de 2008, sobre a adesão das medicações psicoativas em pacientes com transtornos psiquiátricos. É importante salientar que entre os estudos selecionados (quantia inicial de 2000 artigos) existia uma variabilidade nas definições da adesão e variabilidade nas metodologias empregadas, deste modo tornou-se difícil a interpretação dos resultados encontrados.
De forma bastante sintética poderíamos caracterizar a adesão como a sinergia comportamental do paciente com as recomendações do médico ou de outro profissional de saúde. Entretanto não existe um consenso entre o quanto (maior que 75%-80% em alguns estudos e maior que 95% em outros) destas recomendações precisariam ser executadas para considerarmos um paciente aderente. Ademais, recentemente a idéia dicotômica de adesão ou não adesão foi substituída por uma visão espectral.
Quanto à metodologia as principais críticas são devidas ao modo de coletar os dados. Geralmente foram os próprios pacientes que relataram o seguimento ou não do uso das medicações. Em outros estudos os relatos foram de familiares ou profissionais de saúde. Formas de mensurar o número de comprimidos utilizados ou mesmo, a dosagem do nível sérico da medicação também foram aplicados, entretanto aumentaram o custo e o tempo para coleta dos dados.
Ofereceu como questionamento principal o porquê de alguns pacientes aderirem ao tratamento medicamentoso enquanto outros não. Nesta direção os objetivos foram:
(1) apreender melhor o impacto da não adesão aos medicamentos psicoativos;
(2) identificar fatores de risco para a não adesão aos medicamentos psicoativos;
(3) examinar intervenções desenvolvidas para aumento da adesão aos medicamentos psicoativos.
Os autores não encontraram diferenças na adesão dos medicamentos psicoativos para adesão de outras classes de medicamentos. O que chamou muito a atenção foram os elevados índices da não adesão nos Transtornos de Ansiedade (57%), nos Transtornos Depressivos Maiores (28-52%), nos Transtornos Bipolares (20-50%) e nas Esquizofrenias (20-72%). Além da estimativa de que a causa da internação de 1/3 a 2/3 dos pacientes psiquiátricos decorre da não adesão ao tratamento medicamentoso, o que gera um gasto econômico exorbitante. Só no EUA estima-se que os gastos de saúde devido a não adesão estão na ordem de 100 bilhões de dólares/ano.
Em seguida os autores listaram e descreveram classes de fatores pautados a não adesão (relacionados aos pacientes, relacionados às medicações, psicológicos, sociais e ambientais).
Em relação às estratégias de intervenções, já foi bem documentada a influência da psicoeducação na adesão medicamentosa. Recentemente outras modalidades de intervenções, principalmente estratégias cognitivo-comportamentais e entrevistas motivacionais vêm mostrando-se efetivas.
Com base em uma avaliação global dos resultados encontrados, os autores catalogaram e descreveram recomendações de intervenções simples para a melhor adesão medicamentosa:
(1) Fortalecer a aliança terapêutica;
(2) Reservar um tempo da consulta para avaliar a adesão;
(3) Analisar a motivação para o uso da medicação;
(4) Identificar potenciais barreiras a adesão.
Em sucinta análise esta revisão acrescentou conhecimento ao tema crucial da adesão ao tratamento psiquiátrico, com ênfase no tratamento medicamentoso; além da discussão das estratégias de manejo a adesão medicamentosa na consulta psiquiátrica.