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quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Improving compliance in depression: a systematic review of narrative reviews.


Bollini P, Pampallona S, Kupelnick B, Tibaldi G, Munizza C. “Improving compliance in depression: a systematic review of narrative reviews.” J Clin Pharm Ther. 2006 Jun;31(3):253-60.



Discussão do Artigo

     O objetivo do artigo foi examinar como recomendações narrativas poderiam aumentar a aderência ao tratamento farmacológico no transtorno depressivo unipolar. Para isso buscaram junto a bases de artigos científicos, como o Medline, artigos que tratassem do tema depressão e aderência. Ao todo encontraram 2530 possíveis artigos sobre o tema. Numa primeira análise esse número foi reduzido para 96 artigos que foram efetivamente lidos. Destes, foram selecionados apenas os 23 que apresentavam recomendações narrativas. Ao todo foram encontradas 87 recomendações narrativas, sendo estas agrupadas nas nove categorias a seguir:

1- Educação do paciente
2- Educação da família
3- Relação médico-paciente
4- Estratégias de manejo clínico
5- Simplicidade do tratamento
6- Manejo dos efeitos colaterais
7- Estratégias comportamentais
8- Preferência pelos inibidores seletivos de recaptação de serotonina
9- Treinamento dos médicos

     Embora todas essas recomendações tenham alguma validade, o artigo faz uma crítica aos dados coletados, visto que os artigos utilizados em sua maioria não apresentavam uma metodologia científica rigorosa. Chama muita atenção o fato de haver uma carência de trabalhos de qualidade em relação ao tema de aderência na literatura mundial, tendo em vista o substancial benefício por parte dos pacientes. O artigo conclui fazendo um apelo para que mais atenção seja dada ao tema; e recomenda que na prática clínica usemos o máximo de recomendações narrativas possíveis dentre as nove categorias listadas.

     Esse artigo vai de encontro às informações que eu possuía sobre aderência ao tratamento, não só de doenças psiquiátricas, mas de todo o tipo de doença crônica. De fato, também fico alarmado, de não existirem muitos trabalhos de qualidade sobre o tema, e quando se fala em aderência ao tratamento da depressão em populações brasileiras, não existe nem mesmo um artigo. Fico imaginando se essa falta de trabalhos não tem haver com a falta de verba para pesquisas desse tipo. Provavelmente para a indústria farmacêutica não é nada interessante aumentar o nível de aderência ao tratamento. Do modo como ocorre hoje, muitos pacientes abandonam o tratamento apresentando reagudizações do quadro ou novos episódios, tornando-se cada vez mais freqüente a necessidade de medicações, e cada vez mais forte a tendência de se considerar o uso mais prolongado e em doses maiores de medicações. Cronificar os quadros psiquiátricos é o sonho da indústria farmacêutica, e pelo jeito ele está se realizando.

     Aposto que se trabalhos com rigor científico forem feitos sobre aderência, a porcentagem de pacientes não aderentes irá diminuir significativamente, resultando em menos quadros de recorrência, e assim elevando a qualidade de vida dos indivíduos que apresentarem depressão.