Segundo o
Tratado de Psiquiatria Clínica de Hales e Yudofsky (2006), nos EUA, o risco
para a vida toda de um episódio depressivo maior é calculado em cerca de 6% e a
prevalência de Distimia (um tipo de depressão branda, mas crônica) é 3 a 4%. Segundo esses autores a prevalência de todos
os transtornos depressivos é de 9 a 20%, o que torna os transtornos do humor os
problemas psiquiátricos mais comuns na atenção primária. Além disso a
incidência é mais alta em pacientes com doenças médicas e está associada a um
maior uso de serviços de saúde em geral. A incidência em mulheres é em torno de
duas vezes superior a dos homens.
É importante
salientar que cerca de 10 a 15% dos pacientes com diagnóstico de Transtorno
Depressivo Maior em algum momento vão receber um diagnóstico revisado de
Transtorno Bipolar, principalmente pelo fato de que na maioria dos casos um
episódio depressivo precede um episódio de mania / hipomania.
A doença
depressiva vem sendo apontada como um grave problema de saúde pública e relacionada
à elevados custos sociais e risco de suicídio. Souza, Fontana e Pinto (2005)
situaram as depressões como o fator de maior prejuízo pessoal, funcional e
social da atualidade.
Segundo dados
da OMS, estima-se que entre 1990 e 2010, o número de pessoas sofrendo destes
transtornos aumentaria de 20 para 35 milhões na América Latina e Caribe.
Para o
contexto nacional, Almeida-Filho et al. (1992) em um estudo multicêntrico verificaram
taxa de prevalência de 2,8% na cidade de Brasília, 10,2% em Porto Alegre e 1,9%
na cidade de São Paulo. Andrade et al. (1999) verificaram, na área de captação
do Instituto de Psiquiatria do HCFMUSP, que 16,6% das pessoas já haviam apresentado
transtorno depressivo ao longo da vida e que 6,7% o haviam apresentado no ano anterior,
tendo as mulheres, duas vezes mais chances que os homens de apresentar algum transtorno
deste tipo.
Estudos
nacionais revelam que transtornos depressivos, de diversos níveis de gravidade,
acometem 20 a 33% dos pacientes internados em enfermarias de clínica médica (Botega e cols., 1995).
O relatório da
OMS de 2001 considerou as depressões como as maiores causas de incapacitação
para o trabalho, em relação ao número de dias perdidos, levando a um impacto
socioeconômico muito alto.
Alguns autores
(Fleck et al., 2003; Souza, Fontana e Pinto, 2005; Tanajura et al., 2002; Valentini
et al., 2004) levantaram a possibilidade de que as depressões ainda são
subdiagnosticadas e subtratadas tanto no Brasil como no resto do mundo.
A este
respeito, Fleck et al. (2003) verificaram, em revisão bibliográfica, que de 30%
a 50% dos casos não foram diagnosticados em serviços de cuidados primários e outros
serviços médicos gerais.
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