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domingo, 17 de fevereiro de 2013

Conceito das Depressões


Hoje ao assistir ao Fantástico, vi uma entrevista com um amigo psiquiatra. E me lembrei de mais uma vez falar sobre as depressões.
Este é um tema recorrente em meu blog, mas devido sua enorme relevância, sempre é bom recordarmos.

Segundo descrito por Kaplan e Sadock (1997), as depressões constituem um grupo de condições clínicas caracterizadas pela perda de senso de controle e uma experiência subjetiva de grande sofrimento. Os pacientes com humor deprimido têm perda de energia e interesse, sentimentos de culpa, dificuldades para concentrar-se, perda do apetite e pensamentos sobre morte e suicídio. Outros sinais e sintomas incluem alterações nos níveis de atividade, capacidades cognitivas, linguagem e funções vegetativas (como sono, apetite, atividade sexual e outros ritmos biológicos). Essas mudanças quase sempre comprometem o funcionamento interpessoal, social e ocupacional.
Não obstante, as depressões são doenças crônicas e recorrentes, necessitando de tratamento a longo prazo (ZAJECKA JM, 2000).  Taxas recorrentes das depressões são estimadas no mínimo em 50% para pacientes com um episódio, e 80 a 90% para dois ou mais episódios (DELGADO PL, 2000).
Em seu manual de psicopatologia Dalgalarrondo (2000) assinalou que do ponto de vista psicopatológico, os quadros depressivos possuíam como elemento central o humor deprimido, entretanto, advertiu que, uma multiplicidade de sintomas afetivos, instintivos e neurovegetativos, ideativos e cognitivos, relativos à autovaloração, à volição e à psicomotricidade podiam caracterizar estes quadros mentais.
Um dos aspectos que mais incomoda a pessoa deprimida seria a falta de compreensão e do entendimento mostrado por leigos (entre eles o paciente, seus familiares, amigos e colegas de trabalho), que muitas vezes sugerem dúvidas da existência de sofrimento, com falas ou pensamentos onde preponderam a não aceitação da depressão como doença, relacionando-a a falta de vontade da pessoa, à falta de ocupação ou à falta de esforço pessoal, chegando a extremos de falta de caráter.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Fatores Socioeconômicos relacionados a Depressão



Em relação ao suporte oferecido ao paciente com depressão, Balon (2002) considerou a interferência do encorajamento de outras pessoas para que o paciente não tome a medicação antidepressiva como fator a diminuir a probabilidade de adesão.
Demyttenaere (2001) verificou que 53% dos pacientes de sua amostra haviam interrompido a medicação antidepressiva e que as razões mais citadas foram ‘sentir-se bem’ e ter ‘efeitos colaterais’. Estas razões mencionadas variavam de acordo com o momento da interrupção do tratamento, de modo que, ‘sentir-se bem’ foi responsável por 55% dos motivos das pessoas que interromperam o tratamento por volta da 11ª semana, enquanto os ‘efeitos adversos’ contaram com 23% dos motivos de interrupção por volta da 6ª semana.
            Masand PS tentou resumir em uma tabela os principais fatores de descontinuação para tratamento das depressões:

Em relação aos médicos
Em relação aos pacientes
Em relação às medicações
- Comunicação pobre com o paciente
- Tratamento prescrito não apropriado ao paciente
- Subdose medicamentosa
- Tempo de tratamento inadequado
- Motivação pobre, antipatia em tomar medicações, estigma relacionado a medicações psicotrópicas
- Alívio não perceptível dos sintomas
- Conclusão prematura que todos os sintomas já foram resolvidos
- Suporte de rede social fraco
- Custo das medicações
- Eventos adversos
- Demora no início de ação
- Esquema complicado de administração das medicações
- Não eficácia em sintomas comorbidos
   Fatores contribuintes para descontinuação do tratamento. Adaptado de Masand PS, 2003.

            Na tentativa de se melhorar a adesão algumas possibilidades foram testadas obtendo-se melhora da adesão ao tratamento.
            Em um estudo de Azocar et al. (2006) foram encontrados benefícios na adesão quando se utilizam materiais educacionais a respeito das depressões. Para tanto, estes materiais enfatizavam que: (1) antidepressivos não devem ser descontinuados sem consultar um médico e listava alguns efeitos colaterais comuns; (2) o melhor tratamento para depressões inclui uma combinação de antidepressivos com psicoterapia; (3) encerrar o tratamento precipitadamente aumenta a chance de recaída em 50%. De maneira global, parece que os materiais educativos podem encorajar os pacientes a usar antidepressivos de modo mais correto, e aceitar a psicoterapia em combinação. O uso de um filme educativo recebido no momento da prescrição medicamentosa parece elevar a adesão em algum grau. (BROOK OH et al., 2005).
Outra maneira testada foi implicar ativamente o paciente na escolha do tratamento. Primeiramente eram transmitidas por profissional de saúde todas as informações relativas aos mais diversos tratamentos com benefícios e desvantagens de cada um. O paciente decidia iniciar, ajustar ou parar a medicação de acordo como percebia sua necessidade. Parece que este modelo de atuação afeta indiretamente o resultado da adesão ao tratamento (LOH A. et al.; MITCHELL A.J., 2007).

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Papel da Família na Depressão


A aceitação e a percepção da necessidade do tratamento por parte de familiares, também ajudariam a manter o paciente deprimido em tratamento. Existe necessidade de passar informações a respeito das doenças depressivas ao doente e seus familiares.
Em contraste a estas condições, a falta do suporte familiar seria um fator a prejudicar a adesão ao tratamento.
A família também pode apresentar resistência ao tratamento psiquiátrico para seu familiar acometido por depressão. Esta resistência pode advir da incompreensão que tenham a respeito da doença ou da importância e efetividade do tratamento, entretanto, esta postura pode se materializar em empecilhos ou impedimentos declarados ou não, à realização do tratamento do paciente.
Ao paciente depressivo parece ser necessária deliberada postura de apoio familiar e social que o lembre de sua importância pessoal e das possibilidades de boas perspectivas na vida, proporcionando um estímulo externo para realização do tratamento. A falta de disposição, pensamentos pessimistas, diminuição da energia e cansaço “fácil”, muitas vezes presentes como sintomas depressivos, podem encontrar respaldo na postura resistente ou não colaborativa de familiares. Assim considerando, ajuíza-se que ao paciente deprimido, que não conte com suporte familiar para realização do tratamento, resta forte barreira a ser vencida para a realização do tratamento necessitando o paciente de vencer as limitações causadas pela doença e as barreiras impostas por familiares.