Em relação ao
suporte oferecido ao paciente com depressão, Balon (2002) considerou a
interferência do encorajamento de outras pessoas para que o paciente não tome a
medicação antidepressiva como fator a diminuir a probabilidade de adesão.
Demyttenaere
(2001) verificou que 53% dos pacientes de sua amostra haviam interrompido a
medicação antidepressiva e que as razões mais citadas foram ‘sentir-se bem’ e ter
‘efeitos colaterais’. Estas razões mencionadas variavam de acordo com o momento
da interrupção do tratamento, de modo que, ‘sentir-se bem’ foi responsável por
55% dos motivos das pessoas que interromperam o tratamento por volta da 11ª
semana, enquanto os ‘efeitos adversos’ contaram com 23% dos motivos de
interrupção por volta da 6ª semana.
Masand
PS tentou resumir em uma tabela os principais fatores de descontinuação para
tratamento das depressões:
Em relação aos médicos
|
Em relação aos pacientes
|
Em relação às medicações
|
- Comunicação pobre com o paciente
- Tratamento prescrito não apropriado ao paciente
- Subdose medicamentosa
- Tempo de tratamento inadequado
|
- Motivação pobre, antipatia em tomar medicações,
estigma relacionado a medicações psicotrópicas
- Alívio não perceptível dos sintomas
- Conclusão prematura que todos os sintomas já
foram resolvidos
- Suporte de rede social fraco
- Custo das medicações
|
- Eventos adversos
- Demora no início de ação
- Esquema complicado de administração das
medicações
- Não eficácia em sintomas comorbidos
|
Fatores contribuintes para
descontinuação do tratamento. Adaptado de Masand PS, 2003.
Na
tentativa de se melhorar a adesão algumas possibilidades foram testadas
obtendo-se melhora da adesão ao tratamento.
Em
um estudo de Azocar et al. (2006) foram encontrados benefícios na adesão quando
se utilizam materiais educacionais a respeito das depressões. Para tanto, estes
materiais enfatizavam que: (1) antidepressivos não devem ser descontinuados sem
consultar um médico e listava alguns efeitos colaterais comuns; (2) o melhor
tratamento para depressões inclui uma combinação de antidepressivos com
psicoterapia; (3) encerrar o tratamento precipitadamente aumenta a chance de
recaída em 50%. De maneira global, parece que os materiais educativos podem
encorajar os pacientes a usar antidepressivos de modo mais correto, e aceitar a
psicoterapia em combinação. O uso de um filme educativo recebido no momento da
prescrição medicamentosa parece elevar a adesão em algum grau. (BROOK OH et
al., 2005).
Outra maneira
testada foi implicar ativamente o paciente na escolha do tratamento.
Primeiramente eram transmitidas por profissional de saúde todas as informações
relativas aos mais diversos tratamentos com benefícios e desvantagens de cada
um. O paciente decidia iniciar, ajustar ou parar a medicação de acordo como
percebia sua necessidade. Parece que este modelo de atuação afeta indiretamente
o resultado da adesão ao tratamento (LOH A. et al.; MITCHELL A.J., 2007).
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