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Site: saudeemocional.org Contato: dr.fabiopq@gmail.com

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Como encontrar um Médico Psiquiatra qualificado e competente.



     Na sociedade contemporânea é frequente a busca por profissionais que realizam tarefas importantes e especializadas.

     Em São Paulo existe um enorme número de profissionais e diversas fontes de comunicação, entretanto muitas vezes ficamos perdidos, e contratamos profissionais não satisfatórios.

     A procura é aflitiva quando se precisa de um Médico, e ainda mais aflitiva, se for um Médico Psiquiatra. Afinal, a tarefa em questão envolve o nosso bem mais precioso: a nossa Saúde Mental.

     Existem alguns itens que devemos observar ao procurar um Médico Psiquiatra:

1- Graduação em uma ótima faculdade de Medicina.


     É na graduação, ao longo de seis anos em horário integral, que se aprende os pilares da boa prática médica.

     Existe mais de uma centena de faculdades de Medicina em nosso país, sendo que dezenas se localizam no estado de São Paulo. Infelizmente a qualidade da maioria delas não oferece uma formação adequada, sendo algumas apenas fábricas de diplomas. Fato confirmado desde 2005 pelo Exame do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP), realizado em estudantes no final do curso de Medicina (similar à prova da OAB).

Dados do Exame de 2011




Maiores detalhes: http://www.cremesp.org.br/pdfs/Exame_Cremesp_%202011.pdf   (visitado em dez/2011)

     Por isso na hora de escolher o seu Médico procure profissionais formados em faculdades renomadas como:

  • Universidade Federal de São Paulo / Escola Paulista de Medicina (UNIFESP/EPM)
  • Universidade de São Paulo (USP)
  • Universidade do Estado de São Paulo (UNESP)
  • Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP)

2- Residência Médica em Psiquiatria.


     Este é um dos itens mais importantes na escolha de um ótimo Médico Psiquiatra. O Médico que cursou Residência Médica em Psiquiatria se preparou por pelo menos três anos em horário integral, frequentando aulas e atendendo pacientes sob supervisão. Ao final recebeu o Título de Especialista em Psiquiatria pelo Ministério da Educação.

     No entanto, alguns Médicos Psiquiatras conseguem o Título de Psiquiatria fazendo especializações ou prestando uma prova junto à Associação Brasileira de Psiquiatria. Estes podem ser ótimos profissionais, no entanto provavelmente não passaram por uma formação extensa como a Residência Médica em Psiquiatria. Em São Paulo as mais bem conceituadas Residências Médicas em Psiquiatria são as da UNIFESP/EPM e USP.

3- Título de Especialista em Psiquiatria pela Associação Brasileira de Psiquiatria.

     A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) confere o Título de Especialista em Psiquiatria (TEP) após o Médico comprovar conhecimentos suficientes na especialidade.

     Por estarem em um ambiente questionador e em contato com diversos profissionais de sua área, terão menores dificuldades para lidar com situações complexas e atípicas.

     Alguns psiquiatras não possuem o TEP. Para saber os psiquiatras que possuem o TEP clique no link abaixo, selecione estado e cidade: Pesquisar inscrição de profissional na Associação Brasileira de Psiquiatria.

4- Vínculo com Instituição de Ensino.


     Profissionais ligados a instituições de ensino, principalmente Universidades, tem acesso aos novos conhecimentos de modo mais rápido, e assim mais facilmente se mantém atualizados.

     Normalmente esses profissionais apresentam um Currículo Lattes cadastrado no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Para acessar visite: Plataforma Lattes

5- Indicação de amigos.


     O Médico Psiquiatra deve ser dedicado, atento, prestativo, interessado e bom ouvinte. Sem esses atributos ele não fará um atendimento humanizado, o que ocasionará maiores dificuldades para um correto diagnóstico e uma acertada terapêutica.

     Essas características só poderão ser avaliadas durante um atendimento. Por isso, quando algum amigo ou conhecido indicar um Médico Psiquiatra, pergunte se ele apresenta essas características.



segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Causas da Ansiedade Patológica.



     Existem diversas teorias sobre a etiologia da Ansiedade Patológica. De modo resumido podemos citar dois grandes grupos. As teorias psicológicas e as teorias biológicas. Dentro destes grupos ainda podemos fazer várias subdivisões. De maneira bastante resumida, segundo Kaplan (1997) teríamos:

Teorias Psicológicas:


1. Teorias Psicanalíticas: Freud propõe em 1926, que a ansiedade seria um sinal para o ego de que um instinto inaceitável que está exigindo representação e descargas conscientes. Como sinal a ansiedade ativa o ego, para que este tome medidas defensivas contra as pressões interiores. Caso a ansiedade se eleve acima do baixo nível de intensidade característico de sua função como sinal, pode emergir com toda a fúria de um ataque de pânico.

2. Teorias Comportamentais: Ansiedade é uma resposta condicionada a estímulos específicos.

3. Teorias Cognitivas: Os pacientes com ansiedade tendem a superestimar o grau e a probabilidade de perigo em uma determinada situação e a subestimarem suas capacidades de enfrentarem as ameaças percebidas a seu bem-estar físico ou psicológico.

4. Teorias Existenciais: As pessoas tornam-se conscientes de um profundo vazio em suas vidas, uma percepção que pode tornar-se ainda mais perturbadora do que a aceitação da inevitabilidade da morte. A Ansiedade é a resposta do indivíduo a este imenso vazio de existência e significado.

Teorias Biológicas:


1. Superestimulação do sistema nervoso autônomo simpático.

2. Desregularão no funcionamento de neurotransmissores: Noradrenalina, Serotonina e GABA.

3. Dentre as teorias biológicas ainda existem achados de alterações em imagens cerebrais, mostrando alterações neuroanatômicas, principalmente no sistema límbico, lobos temporais e regiões pré-frontais, além de um componente genético variável.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

O que é Medicina Comportamental?



     Algumas definições possíveis são:

  • Proposta por Schwartz e Weiss (1978) “Um campo interdisciplinar interessado na integração e desenvolvimento científico e técnico dos aspectos psicossociais, biomédicos e comportamentais relevantes à saúde e a doença e na aplicação desses conhecimentos e técnicas na prevenção, etiologia, diagnóstico, tratamento e reabilitação das doenças”.
  • De acordo com Juan F. Godoy (1996), Medicina Comportamental se define como “amplo campo de integração de conhecimentos que procedem de disciplinas muito diferentes, entre as quais cabe destacar (como pode depreender-se da rotulação outorgada à área) as biomédicas (anatomia, fisiologia, endocrinologia, epidemiologia, neurologia, psiquiatria etc.) por um lado, e as psicossociais (aprendizagem, terapia e modificação de comportamento, psicologia comunitária, sociologia, antropologia etc.), por outro. Tais conhecimentos dirigem-se à promoção e manutenção da saúde e à prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação da doença”.
  • É um campo de conhecimento interdisciplinar que “focaliza a interação entre o cérebro, mente, corpo e comportamento e as poderosas formas nas quais os fatores emocional, social, espiritual pode afetar diretamente a saúde” (NCCAM Publication Nº D239, agosto/2005).


     "Constitui uma abordagem que, propondo o uso de métodos comportamentais fundamentados em processos de aprendizagem, contribui para o alívio do sofrimento emocional e a melhora de qualidade de vida. Hoje, cada vez mais a Medicina Comportamental vem se aliando às técnicas da Medicina convencional, ganhando contornos de uma abordagem de suma importância, principalmente considerando-se a relação custo-benefício, com recursos terapêuticos poderosos, fundamentados na relação mente-corpo. Destacam-se como técnicas relevantes desse campo as técnicas de relaxamento e o biofeedback, as terapias cognitivo-comportamentais, a hipnose, práticas meditativas e as estratégias de ”life management coaching”.
     No Brasil, a Medicina Comportamental, ainda numa fase embrionária, vem sendo implantada, no meio acadêmico, por iniciativa do Prof. Dr. José Roberto Leite, como um corpo de conhecimento e de técnicas cujo objetivo fundamental é o de propor ações que aumentem a eficácia das estratégias convencionais."    
Extraído do site: www.cemco.com.br, (visto outubro/2011).


     Acrescento que o novo campo chamado Psicologia Positiva possui muitas ferramentas úteis para a Medicina Comportamental.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Qualidade de Vida e Saúde são circunstâncias diferentes.


     Existe muita confusão neste tema, e frequentemente constatamos a utilização dos termos Qualidade de Vida e Saúde como sinônimos, algo incorreto. Para entendermos é preciso conhecer as definições oficiais da Organização Mundial de Saúde (OMS).

     Em 1958 a OMS definiu Saúde como:
“Estado de completo bem estar físico, mental e social, e não simplesmente a ausência de doença ou enfermidade”.
 (Eu ainda acrescentaria o aspecto espiritual e religioso a essa definição).

     Já em 1994 a OMS definiu Qualidade de Vida como:
"A percepção do individuo de sua posição na vida, no contexto de sua cultura e no sistema de valores em que vive e em relação as suas expectativas, seus padrões e suas preocupações".

     Outra definição aceita é a de Gill e Feinstein (1994) que definiram: “Qualidade de vida é um reflexo da maneira como o paciente percebe e reage ao seu status de saúde e a outros aspectos não médicos de sua vida”.

     Outro estudioso, Calman (1984), definiu Qualidade de Vida como o “hiato entre expectativas e realizações”. Quer dizer: o indivíduo pode atingir um bom nível de qualidade de vida buscando um aumento de suas realizações (satisfação com o sucesso) ou uma diminuição de suas expectativas (satisfação da resignação).

     Note que a relação existente entre Qualidade de Vida e Saúde está no fato de que a ausência de Saúde interfere negativamente com a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto de sua cultura e no sistema de valores em que vive e em relação as suas expectativas, seus padrões e suas preocupações. Logo um prejuízo na Saúde leva a um prejuízo na Qualidade de Vida.

     Entretanto, uma pessoa que apresenta expectativas e preocupações exageradas (na forma de erro de auto julgamento), apresenta prejuízo na Qualidade de Vida. Mas não necessariamente está com sua Saúde prejudicada.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Ansiedade Normal X Ansiedade Patológica


     O termo “Ansiedade” é utilizado de modo geral para três grandes grupos de situações, divididas didaticamente em:

1- Ansiedade Normal: sensação que se caracteriza por um sentimento difuso, desagradável e vago de apreensão, frequentemente, acompanhado por sintomas autonômicos, como cefaleia, perspiração, palpitações, aperto no peito e leve desconforto abdominal. A ansiedade é uma resposta a uma ameaça desconhecida, interna, vaga ou de origem conflituosa, que serve para avisar sobre um perigo iminente e possibilita a tomada de medidas para enfrentar a ameaça. (Kaplan e cols., Compêndio de Psiquiatria, 1997).

2- Ansiedade Patológica: é um sintoma de um processo patológico mental ou orgânico (Botega e cols., Prática Psiquiátrica no Hospital Geral, 2006), com sensações semelhantes à Ansiedade Normal. Pode ocorrer em diversos transtornos mentais ou orgânicos.

3- Transtornos de Ansiedade: conjunto estruturado de sinais e sintomas que apresentam causas semelhantes, levando ao desvio do estado normal. Pelo DSM-IV-TR são eles: Transtorno de Pânico sem Agorafobia, Transtorno de Pânico com Agorafobia, Agorafobia Sem Histórico de Transtorno de Pânico, Fobia Específica, Fobia Social, Transtorno Obsessivo-Compulsivo, Transtorno de Estresse Pós-Traumático, Transtorno de Estresse Agudo, Transtorno de Ansiedade Generalizada, Transtorno de Ansiedade Devido a uma Condição Médica Geral, Transtorno de Ansiedade Induzido por Substâncias e Transtorno de Ansiedade sem Outra Especificação.

     A ansiedade tende a produzir confusão e distorções perceptivas, não apenas em termos de tempo e espaço, mas de pessoas e significado dos eventos. Essas distorções podem interferir no aprendizado, baixando a concentração, reduzindo a memória e prejudicando a capacidade de relacionar uma coisa com outra (associação). (Kaplan e cols., Compêndio de Psiquiatria, 1997).

     Além disso, a Ansiedade Normal / Patológica é o grande sintoma de características psicológicas que mostra a intersecção entre o físico e psíquico, uma vez que tem claros sintomas físicos como taquicardia, sudorese, tremores, tensão muscular, aumento das secreções, aumento da motilidade intestinal, cefaleia, etc.

     Também devemos diferenciar a Ansiedade do medo. O medo é um sinal de alerta similar ao da Ansiedade, mas distingue-se por ser uma resposta a uma ameaça conhecida, externa, definida ou de origem não conflituosa. A principal característica psicológica entre as duas respostas emocionais é a natureza aguda do medo e o caráter crônico da ansiedade. (Kaplan e cols., Compêndio de Psiquiatria, 1997).

     Nos casos de Ansiedade, a primeira atitude a se tomar é tentar diferenciar entre Ansiedade Normal e Ansiedade Patológica, algo difícil muitas vezes. Rosenbaum e cols. (1991/1994) tentaram fazer esta distinção utilizando-se de quatro critérios:

  • Autonomia: a ansiedade ocorre sem causa aparente ou, se existe um estímulo, a reação é desproporcional.
  • Intensidade: elevada; relacionada com um alto nível de sofrimento ou com baixa capacidade de tolerá-lo.
  • Duração: mantida ou recorrente.
  • Comportamento: disfuncional, mal adaptativo (rituais, evitação, compulsões), com prejuízo global do funcionamento.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Depressão.


     A depressão é um transtorno psiquiátrico que compromete a vida da pessoa afetada em diversos aspectos, dependendo de sua gravidade.

     Pode apresentar-se de diversas formas, com sinais e sintomas como tristeza persistente, irritabilidade, crises de choro, défict de atenção, memória e concentração, alterações do sono, da alimentação, do pensamento, mudança de rotinas devido aos novos sintomas, mudanças importantes do comportamento que atrapalham o cotidiano.

     A falta de tratamento prejudica a evolução da doença e por isso, deve ser tratada o mais precocemente possível, se realmente diagnosticada por um psiquiatra. O preconceito de procura este profissional atrasa o tratamento e a possibilidade de restituição da saúde do indivíduo.

     A modernidade, por outro lado, além de desmistificar a psiquiatria, também a idealiza de forma exagerada e com pouco contato com a realidade quando propõe a psiquiatria como o alívio de todo o sofrimento psíquico. Há diversas situações nas quais precisamos lidar com o sofrimento humano a fim de aprendermos a nos relacionar com a realidade e obtermos nossas próprias e individuais concepções sobre nós mesmos e sobre o mundo em que vivemos. Para isso, é preciso ter vivências e experiências emocionais e assim, cada um vai construindo a sua história.

     É importante ter em mente o que é um transtorno mental que só pode melhorar através de um tratamento farmacológico, o que necessita de psicoterapia ou de ambos. No entanto, a atualidade nos imprime uma imensa responsabilidade de competitividade e eficiência que, quando frustrados, os indivíduos podem sentir-se deprimidos e confundirem este sentimento e sintomas associados á doença depressão. Aqui é evidente por que destaco o termo "BIOPSICOSSOSOCIAL". Muitas vezes, são necessárias significativas mudanças na vida de uma pessoa para que ela possa sentir-se satisfeita e, consequentemente, feliz.

     Infelizmente, não existe a pílula da felicidade. Vários estudos, em indivíduos saudáveis, mostram que os antidepressivos não são eficazes quando não há depressão genuína. Isso mostra o quanto diversos aspectos devem ser considerados na avaliação e definição de tratamento e, somente um profissional especializado poderá orientar, cada caso, com especial atenção.

     Jamais inicie o uso de medicações sem indicação médica. Trata-se da sua saúde e é preciso cuidá-la da melhor forma possível.

terça-feira, 21 de junho de 2011

LEI Nº 10.216, DE 6 DE ABRIL DE 2001


Dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental.


O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º Os direitos e a proteção das pessoas acometidas de transtorno mental, de que trata esta Lei, são assegurados sem qualquer forma de discriminação quanto à raça, cor, sexo, orientação sexual, religião, opção política, nacionalidade, idade, família, recursos econômicos e ao grau de gravidade ou tempo de evolução de seu transtorno, ou qualquer outra.

Art. 2º Nos atendimentos em saúde mental, de qualquer natureza, a pessoa e seus familiares ou responsáveis serão formalmente cientificados dos direitos enumerados no parágrafo único deste artigo.
Parágrafo único. São direitos da pessoa portadora de transtorno mental:
I - ter acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde, consentâneo às suas necessidades;
II - ser tratada com humanidade e respeito e no interesse exclusivo de beneficiar sua saúde, visando alcançar sua recuperação pela inserção na família, no trabalho e na comunidade;
III - ser protegida contra qualquer forma de abuso e exploração;
IV - ter garantia de sigilo nas informações prestadas;
V - ter direito à presença médica, em qualquer tempo, para esclarecer a necessidade ou não de sua hospitalização involuntária;
VI - ter livre acesso aos meios de comunicação disponíveis;
VII - receber o maior número de informações a respeito de sua doença e de seu tratamento;
VIII - ser tratada em ambiente terapêutico pelos meios menos invasivos possíveis;
IX - ser tratada, preferencialmente, em serviços comunitários de saúde mental.

Art. 3º É responsabilidade do Estado o desenvolvimento da política de saúde mental, a assistência e a promoção de ações de saúde aos portadores de transtornos mentais, com a devida participação da sociedade e da família, a qual será prestada em estabelecimento de saúde mental, assim entendidas as instituições ou unidades que ofereçam assistência em saúde aos portadores de transtornos mentais.

Art. 4º A internação, em qualquer de suas modalidades, só será indicada quando os recursos extra-hospitalares se mostrarem insuficientes.
§ 1º O tratamento visará, como finalidade permanente, a reinserção social do paciente em seu meio.
§ 2º O tratamento em regime de internação será estruturado de forma a oferecer assistência integral à pessoa portadora de transtornos mentais, incluindo serviços médicos, de assistência social, psicológicos, ocupacionais, de lazer, e outros.
§ 3º É vedada a internação de pacientes portadores de transtornos mentais em instituições com características asilares, ou seja, aquelas desprovidas dos recursos mencionados no § 2º e que não assegurem aos pacientes os direitos enumerados no parágrafo único do art. 2º.

Art. 5º O paciente há longo tempo hospitalizado ou para o qual se caracterize situação de grave dependência institucional, decorrente de seu quadro clínico ou de ausência de suporte social, será objeto de política específica de alta planejada e reabilitação psicossocial assistida, sob responsabilidade da autoridade sanitária competente e supervisão de instância a ser definida pelo Poder Executivo, assegurada a continuidade do tratamento, quando necessário.

Art. 6º A internação psiquiátrica somente será realizada mediante laudo médico circunstanciado que caracterize os seus motivos.
Parágrafo único. São considerados os seguintes tipos de internação psiquiátrica:
I - internação voluntária: aquela que se dá com o consentimento do usuário;
II - internação involuntária: aquela que se dá sem o consentimento do usuário e a pedido de terceiro; e
III - internação compulsória: aquela determinada pela Justiça.

Art. 7º A pessoa que solicita voluntariamente sua internação, ou que a consente, deve assinar, no momento da admissão, uma declaração de que optou por esse regime de tratamento.
Parágrafo único. O término da internação voluntária dar-se-á por solicitação escrita do paciente ou por determinação do médico assistente.

Art. 8º A internação voluntária ou involuntária somente será autorizada por médico devidamente registrado no Conselho Regional de Medicina - CRM do Estado onde se localize o estabelecimento.
§ 1º A internação psiquiátrica involuntária deverá, no prazo de setenta e duas horas, ser comunicada ao Ministério Público Estadual pelo responsável técnico do estabelecimento no qual tenha ocorrido, devendo esse mesmo procedimento ser adotado quando da respectiva alta.
§ 2º O término da internação involuntária dar-se-á por solicitação escrita do familiar, ou responsável legal, ou quando estabelecido pelo especialista responsável pelo tratamento.

Art. 9º A internação compulsória é determinada, de acordo com a legislação vigente, pelo juiz competente, que levará em conta as condições de segurança do estabelecimento, quanto à salvaguarda do paciente, dos demais internados e funcionários.

Art. 10º Evasão, transferência, acidente, intercorrência clínica grave e falecimento serão comunicados pela direção do estabelecimento de saúde mental aos familiares, ou ao representante legal do paciente, bem como à autoridade sanitária responsável, no prazo máximo de vinte e quatro horas da data da ocorrência.

Art. 11º Pesquisas científicas para fins diagnósticos ou terapêuticos não poderão ser realizadas sem o consentimento expresso do paciente, ou de seu representante legal, e sem a devida comunicação aos conselhos profissionais competentes e ao Conselho Nacional de Saúde.

Art. 12º O Conselho Nacional de Saúde, no âmbito de sua atuação, criará comissão nacional para acompanhar a implementação desta Lei.

Art. 13º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.


Brasília, 6 de abril de 2001; 180º da Independência e 113º da República.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Jose Gregori, José Serra, Roberto Brant

terça-feira, 10 de maio de 2011

Foco no Doente (e não na doença)


     Na Medicina existe a celebre frase: "Cada caso é um caso". Ela existe para lembrar aos médicos que o descrito nos livros é apenas uma referência às várias características encontradas numa determinada doença. Poucos casos terão tudo o que está escrito, muitos terão vários sinais ou sintomas, e alguns casos terão poucos sinais e sintomas (o que torna às vezes inconclusiva uma avaliação).

     Esta é a parte da ciência médica mais fascinante. Ocorre um exercício mental constante, que motiva o Médico a sempre estudar e se aperfeiçoar diariamente.

     Quando se vai ao Médico todos ficam numa sala de espera aguardando ao chamado. São nestes minutos que se escutam os mais diversos comentários contados pelas outras pessoas presentes no local. Muitos compartilham as suas doenças, seus sintomas e alguns se identificam e já entram no consultório convictos de terem achado a solução para seus problemas assim como a conduta terapêutica a ser seguida.

     Soluções levadas até o consultório após extensa pesquisa na internet (“Dr. Google”) e em outras fontes de informação, inclusive nos relatos familiares, podem ser úteis, mas geralmente são fatores complicadores.

     Os termos médicos ali expostos são muitos e de difícil compreensão. As simplificações e generalizações quase nunca são consistentes. Pois cada indivíduo é um ser único, com suas próprias peculiaridades.

     A mídia também auxilia nesta crescente desinformação quando se utiliza de termos médicos de maneira superficial ou tendenciosa. Existem também sociedades, cultos religiosos e até empresas que se utilizam destas informações para finalidade própria e que nada tem haver com a Medicina ou seu caráter orientador.


Falando em efeito terapêutico, falaremos agora dos remédios. Neste ponto de encontro de pacientes / clientes, todos têm a solução para o seu problema. Tal ou qual remédio foi muito bom, outros nem tanto e alguns nem pensar. Assim, vemos uma troca de nomes de remédios com o objetivo curativo. Não é incomum o paciente entrar no consultório afirmando: "Dr., o senhor não me solicitou determinado exame, ou não prescreveu uma medicação que o outro paciente toma e disse que melhorou muito. Por que?"

     De repente surge no Médico uma série de imagens mentais e informações científicas sobre artigos versando de psicofarmacologia clínica, farmacocinética e farmacodinâmica e outras reminiscências de experiências dos anos de vida profissional, que dificilmente podem ser transferidas mentalmente para a mente do paciente como se fosse um download.

     Lembremos que nem todos podem ir ao Pronto Socorro e serem medicados com benzetacil por causa dos casos de hipersensibilidade ou alergia à mesma. Os medicamentos psicoativos agem de forma semelhante. O metabolismo de cada um responde de maneira diferente a diferentes medicamentos.

     Costumo imaginar as pessoas como uma grande curva de Gauss. Alguns respondem bem à medicação, outros respondem muito pouco e outros respondem bem demais. Da mesma maneira são os efeitos colaterais.

A área em azul escuro está a menos de um desvio padrão (σ) da média. Em uma distribuição normal, isto representa cerca de 68% do conjunto, enquanto dois desvios padrões desde a média (azul médio e escuro) representam cerca de 95%, e três desvios padrões (azul claro, médio e escuro) cobrem cerca de 99.7%.

     Concluindo: Não é porque somos todos da espécie humana que todos somos iguais. Somos parecidos, mas não somos iguais. Cada um de nós tem a sua singularidade, sua unicidade, que não se repete. Somos parecidos com nossos pais, mas não somos iguais. Não é porque funcionou um remédio no fulano de tal que irá funcionar em nós de maneira semelhante. Existe uma grande probabilidade de que sim, mas há também a probabilidade que não.

     Por isso não tomem medicações sem a orientação do seu Médico e, se os sintomas não melhorarem ou piorarem entre em contato com ele.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Sistema Límbico.


     O Sistema Límbico está relacionado intrinsecamente com a regulação dos processos Emocionais e do Sistema Nervoso Autônomo.


Funções principais:



a- Regular os processos emocionais;

b- Regular o SNA;
c- Regular processos motivacionais essenciais à sobrevivência da espécie e do indivíduo (fome, sede, sexo).

Função secundária:


a- Alguns componentes do sistema límbico se relacionam ao mecanismo da memória e aprendizagem e participam da regulação do sistema endócrino.



Fonte: UNIFESP Virtual.


Estruturas principais do Sistema Límbico:

  • Giro do Cíngulo:
     Sua porção frontal coordena odores, e visões com memórias agradáveis de emoções anteriores. Esta região participa ainda, da reação emocional à dor e da regulação do comportamento agressivo.

  • Hipocampo:
     Está envolvido com os fenômenos da memória de longa duração.
     Um hipocampo intacto possibilita ao animal comparar as condições de uma ameaça atual com experiências passadas similares, permitindo-lhe, assim, escolher qual a melhor opção a ser tomada para garantir sua preservação.

  • Hipotálamo:
     Controla as funções vegetativas, que são condições internas do corpo, como a temperatura, o impulso para comer e beber, etc. Seu controle está relacionado com o comportamento.
     Ele desempenha também um papel nas emoções. Parece estar envolvido com o prazer e a raiva, à aversão, ao desprazer e a tendência ao riso incontrolável.
     Quando funciona de modo inadequado pode levar aos ataques de pânico.

  • Tálamo:

     Está correlacionado com as reações da reatividade emocional do homem e dos animais.

  • Área Septal:
     Esta região se relaciona com as sensações de prazer, principalmente aquelas associadas às experiências sexuais.

  • Corpo Amigdalóide (Amígdala):

     É o centro identificador de perigo, gerando medo e ansiedade e colocando o animal em situação de alerta, aprontando-se para fugir ou lutar.
     Em humanos, a lesão da amígdala faz, entre outras coisas, com que o indivíduo perca o sentido afetivo da percepção de uma informação vinda de fora, como a visão de uma pessoa conhecida. Ele sabe quem está vendo mas não sabe se gosta ou desgosta da pessoa em questão.


  • Tronco cerebral:

     Participa de mecanismos de alerta, vitais para a sobrevivência do indivíduo, como na  manutenção do ciclo vigília-sono.

  • Área Tegmental Ventral (um dos núcleo do tronco encefálico):
     Localizado no tronco cerebral, secreta dopamina. A descarga espontânea ou a estimulação elétrica dos neurônios da região dopaminérgica mesolímbica produzem sensações de prazer, algumas delas similares ao orgasmo. É a região envolvida com questões de vícios ( dependências químicas e não químicas).


terça-feira, 8 de março de 2011

Avaliação Psiquiátrica para Cirurgia Bariátrica.


O porquê da Avaliação Psiquiátrica para Cirurgia de Redução do Estômago


     Os médicos cirurgiões que realizam a cirurgia para redução de estômago precisam solicitar uma Avaliação Psiquiátrica ou de Sanidade Mental para o paciente com Obesidade Mórbida que vai se submeter ao procedimento cirúrgico.

     Isto é importante para diagnosticar ou de fato descartar a presença de doença mental no indivíduo que vai realizar a cirurgia bariátrica. Visto que no pós-operatório o seguimento da reeducação alimentar e outras recomendações médicas tem um impacto enorme na recuperação. Algo muito difícil de ser mantido caso o paciente não esteja estável emocionalmente.

     Além disso, pacientes com Obesidade Mórbida possuem prevalência muito maior de depressão que a população geral.

     Em outros casos a compulsão alimentar está relacionada a um distúrbio químico cerebral, algo que não melhora após a cirurgia.

     Para estes casos é preciso um tratamento conjunto com o médico psiquiatra.

     Realizamos esta avaliação de Sanidade Mental com fins específicos de verificar se há ou não contra-indicação psiquiátrica para o paciente realizar a Cirurgia de Estômago. E se há ou não necessidade de acompanhamento conjunto com médico psiquiatra.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Avaliação de Sanidade Mental


     A avaliação da Sanidade Mental é um procedimento Médico Pericial que pode contar com a colaboração de outros profissionais como Psicólogos especialistas em Psicologia Jurídica.

     Os exames das funções psíquicas são realizados com entrevistas psiquiátricas focadas no objetivo pericial. Busca-se verificar a presença ou não de adoecimento, disfunção ou deficiência de cada uma das capacidades mentais e em caso de alteração estabelecer o quanto isto repercute nas diferentes esferas da vida do avaliado.

     Existem avaliações de Sanidade Mental de pessoas que sempre apresentaram um funcionamento pessoal globalmente saudável. Esta situação é comum para candidatos aprovados em concursos em que o edital determina comprovação de sua Saúde Mental.

Indicações de Avaliação da Sanidade Mental com finalidades jurídicas:


1) Cível - Possível Interdição - verificar capacidade de discernimento - casos de Demências, Esquizofrenia e Depressão Grave.

2) Trabalhista - verificar Nexo Causal e Nexo Técnico Epidemiológico - casos de Depressão associada ao ambiente de trabalho; Dependência Química no trabalho.

3) Previdenciária - verificar capacidade laborativa – casos de Depressão incapacitante ou não para a função de trabalho avaliada; Transtorno do Pânico limitante ao desempenho profissional.

4) Família - Sanidade Mental dos pais - capacidade de cuidar dos filhos; possibilidade de Crimes Sexuais; hipótese de pedofilia.

5) Administrativa - avaliação da Saúde Mental - casos de Assédio Moral; Dano Psíquico associado ao trabalho; casos de profissionais vítimas de sequestro no trabalho e que desenvolveram Transtorno de Estresse Pós-Traumático.

6) Certificação Profissional - avaliação de profissionais cuja função e documentação dependem de confirmação de Sanidade Mental Preservada – casos dos Militares; Aeronavegantes (pilotos, comissários de bordo, mecânicos de vôo); operadores de grandes máquinas.

7) Criminal - Possível Medida de Segurança - verificar capacidades de Entendimento e Determinação – Psicoses; Dependência Química.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Quando procurar um médico psiquiatra?


A decisão de procurar um profissional de saúde mental não é fácil. Passa por uma série de mitos, preconceitos e estigmas. A primeira pergunta que muitos fazem é: “Se eu não sou louco, para que procurar o Médico Psiquiatra?”
É uma dúvida muito comum da maioria da população, uma vez que a psiquiatria vem, vagarosamente, vencendo os obstáculos dos preconceitos, facilitando o acesso ao tratamento e assim, proporcionando alívio do sofrimento psíquico e restituição da qualidade de vida perdida na vigência de perturbação mental.
Atualmente, admite-se que o homem é um ser BIOPSICOSSOCIAL, uma vez que é afetado globalmente por todos os aspectos inerentes á sua complexa forma de organização.
O primeiro ponto a esclarecer é que a psiquiatria não cuida apenas de doentes sem crítica, que estejam delirantes ou com alucinações. Cuida de ansiedade, depressão, instabilidade, irritabilidade, agitação. Enfim, cuida do sofrimento psíquico. Todos nós, em maior ou menor grau, devemos experimentar sentimentos de tristeza, angústia, ansiedade, alegria, raiva, irritação, pois estes sentimentos reações normais aos eventos vitais.
O limite que faz com que pensemos em doença é o sofrimento prolongado para si e outrem. Quando os estados passam a ser duradouros, comprometendo esferas social, familiar, laborativa e afetiva, devemos pensar em procurar um profissional. Infelizmente muitas pessoas levam anos até iniciar o tratamento. Isso pode ajudar a cronificar certos quadros, dificultando seu tratamento.
Além disso, o estado emocional relaciona-se com o sistema imunológico e seu comprometimento pode reduzir nossas defesas.
Imagine quais são as escolhas que um indivíduo pode fazer: buscar ajuda e tratamento psiquiátrico com um médico especializado que saberá orientá-lo a fim de definir o melhor projeto terapêutico, ou acreditar que faz parte da vida este sofrimento e considerar que, não sendo louco, jamais procurará um psiquiatra.

Resumo das mais frequentes indicações para procurar um Psiquiatra:

1- Sofrimento mental que atrapalha a vida.
2- Mudança de comportamento significativo.
3- Percepção dos familiares de que houve mudança de comportamento que pode comprometer a vida do indivíduo.

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